quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

 


CERCA URBANA DE PORTIMÃO


Autores da Planta: Francisco Carrapiço, José Brázio e Jaime Palminha (Adaptada)


Simples lugar de pescadores, nos meados do século XV, menos de cem anos depois Portimão assumia-se já como a 4ª maior povoação do litoral algarvio com 634 vizinhos
A 10 de Abril de 1476, D. Afonso V concedeu Vila Nova de Portimão a um seu vedor da Fazenda, D. Gonçalo Vaz de Castelo Branco, obrigando-o a fortificar a localidade com um castelo e muralhas.
 Ao que tudo indica, a área amuralhada era superior a 6 hectares e definia um polígono irregular (*) que acompanhava a margem do rio e englobava a parte mais alta da vila, onde se situava a Igreja Matriz, também ela mandada edificar por Gonçalo Castelo Branco. A quase totalidade das muralhas foi destruída ao longo dos tempos, restando pequenos troços, entre prédios e muros de propriedades.
Nos dias de hoje o principal troço remanescente localiza-se entre a Porta da Serra e o Postigo dos Fumeiros, conservando ainda parte do caminho de ronda da fortaleza. 
Um segundo troço, entre o Postigo da Igreja e a Porta de São João, mantém-se ainda parcialmente, bastante danificado e suprimido por construções posteriores

(*) A cerca de Portimão, de forma triangular,  tinha cerca de 1100m de perímetro, 4 portas torreadas e  3 postigos,  uma frente para o Rio Arade ou de Silves e duas outras para Norte e Poente.
No vértice N - Porta da Serra, no vértice S - a Porta de São João e no vértice Nascente - o Postigo dos Fumeiros.

4 Portas e 3 postigos

Porta de S. João, Porta da Serra, Porta da Ribeira, Porta do Corpo da Guarda.

Postigo da Igreja ou de São Sebastião, Postigo dos Fumeiros e Postigo de Santa Isabel.


Porta da Ribeira 
Rasga a muralha ao cimo da actual Rua Serpa Pinto e sobe em direcção à actual Rua Professor José Buísel, 
A cerca assentava, mais ou menos a meio, entre esta rua e a Rua do Forno (Forno dos Fumeiros)


Postigo dos Fumeiros 

Entrada do lado Nascente da muralha sensivelmente onde hoje confluem as Ruas Professor Buísel e Rua do Forno (Forno dos Fumeiros, antiga designação)  em frente à Praceta F. Maurício, junto  à Ponte Velha.


A cerca assentava entre estas duas ruas até à Porta da Serra e seguia, na parte terminal, pela Rua da Fábrica. indo confluir com as ruas Porta da Serra e  Machado Santos.

Postigo dos Fumeiros
Também funcionavam na cidade algumas pequenas fábricas/armazéns os chamados fumeiros de preparação de frutos secos (figo, amêndoa, alfarroba) acondicionados em seiras (cestas de palma, vulgo "empreita" (indústria doméstica de manufactura de trabalhos de entrançado em palma ou esparto), feitas por velhinhas à porta das suas casas para melhoria dos seus magros rendimentos, e que ocupavam também homens,  mulheres e crianças.
Os fumeiros eram, portanto, armazéns onde se procedia ao tratamento do figo, amêndoa e alfarroba para conservação e posterior exportação.
Ora, era nesta zona que se localizavam inúmeros armazéns deste tipo, daí o patronímico "postigo dos fumeiros" pequena abertura rasgado neste troço da cerca para permitir a passagem a pé de pessoas e mercadorias.

Porta da Serra
No entroncamento da actual Rua da Fábrica com a Rua Machado Santos e Rua da Porta da Serra ficaria a PORTA da SERRA e como todas as outras portas defendida com dois  torreões  dando acesso ao caminho para a Serra de Monchique 


... e mais ou menos nas traseiras desta rua, Rua Machado Santos, corria a cerca em direcção à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição passando em frente ao adro onde se erguia o primitivo pelourinho de Portimão e, para facilitar o acesso à Igreja, foi aberto um postigo que permitia a passagem das pessoas


Postigo da Igreja ou de São Sebastião


A muralha passaria entre as casas da actual Rua Diogo Tomé e Dr. Ernesto Cabrita

Porta de São João




Porta de São João - rasgaria a Cerca no cruzamento da Rua Diogo Couto / Rua Direita, Rua da Porta de São João (Há quem opine que esta porta estaria no cruzamento da actual Rua Dr. Ernesto Cabrita com a Rua Direita na esquina do antigo edifício da Farmácia Dias com a Praça 1º de Dezembro) 
A foto abaixo pretende dar uma ideia mais provável da localização desta porta



Porta da Guarda



 e  virava para a Porta da Guarda sita na actual Rua 5 de Outubro entre o edifício da Caixa Geral de Depósitos e o Correio

Postigo de Santa Isabel 


Postigo de Santa Isabel no entroncamento da Rua Serpa Pinto com a rua do mesmo nome.

Rua de Santa Isabel (vista de Poente para Nascente) - Em destaque casa brasonada com Porta Manuelina - Nº 106


Os muros tinham troços entre 40 a 50 metros de comprido em forma de dentes de  serra;  era sobretudo uma muralha defensiva com uma área de cerca de 6,5 Ha, constituída por pedras de características pobres, coladas com argamassa com lances de diferentes tipos de construção e  uma espessura à volta de 1,60 m e uma altura entre 5 e 6 metros com caminho de ronda com cerca de 1 metro de largura e portas protegidas por 2 torres

Muralha de Portimão na actual Rua Ernestro Cabrita (interior do edifício) 
Muralha medieval com parte do caminho de ronda. Obras de construção na Rua Dr. Ernesto Cabrita
Pano de muralha recentemente posto a descoberto (séc.XXI) (Rua Dr. Ernesto Cabrita

Um pano da muralha tardo-medieval de Vila Nova de Portimão, bem como parte do caminho de ronda da antiga zona fortificada, foram postos a descoberto (segunda década do séc. XXI) durante as obras de construção de um Hostel Cultural, na Rua Dr. Ernesto Cabrita, promovidas pela Academia de Música de Lagos/Conservatório de Música de Portimão




Portimão, pano de muralha, Interior do edifício da Instituto Manuel Teixeira Gomes, ao lado ainda se pode visitar a cisterna
(Entrada pela Rua Dr. Estêvão de Vasconcelos)


Quando falamos em muralhas de Portimão empregamos 3 tempos verbais:
... a muralha passa (raramente)
... a muralha passava (mais frequentemente)
... a muralha passaria (frequentemente)

O Presente (raramente)
O Imperfeito (algumas vezes)
O Condicional (menos frequentemente)

Isto mostra como é difícil precisar o traçado das muralhas pela destruição da cerca da vila sofrida ao longo dos tempos sobretudo depois dos terramotos do século XVIII:
- de 6 Março de 1719, 
- de 27 de Dezembro de 1722 
- e 1 de Novembro de 1755  
e ao mesmo tempo que a povoação se ia expandindo para fora da cerca.
Os materiais de construção da cerca remetiam-se ao tipo de rochas do local e que não eram lá muito nobres.
Calcário pobre com pedras sustentadas por barro e argamassa o que justifica em muitos casos a relativa  facilidade do derrube do muro que para pouco já servia de protecção e se tornava um obstáculo à expansão da povoação, ordenamento das ruas e circulação de pessoas, animais e mercadorias..

Era numa ceira como esta, de fabrico artesanal, que há mais de 500 anos se acondicionavam os frutos secos, nomeadamente figos, 
















segunda-feira, 29 de abril de 2019

Morabitos






O passeio de hoje vai descobrir um pouco da cultura e religião árabe no termo de Villa Nova de Portimão que nem sempre foi vila e muito menos cidade, mesmo contra a Vontade do Marquês de Pombal que foi o primeiro a dar-lhe esse título honorífico em 1773 e perdido logo a seguir no reinado de D. Maria I

Ora vejamos
Portus Anibalis  segundo alguns, mas já poucos, seria o nome antigo de  Portimão mas mais certo é que a povoação que poderá ter sido fundada por Anibal a quando das Guerras Púnicas, seria Alvor.

Portus magnus segundo outros mais entendidos no período romano, "porto grande".
Portumanho em português arcaico

São Lourenço da Barrosa desde D. Afonso V.
Em 1495 D. João II eleva São Lourença da Barrosa a vila com o nome de Vila Nova de Portimão
1504 Foral Manuelino de Villa Nova de Portimão. Este Foral atribuído à então Vila Nova de Portimão por D. Manuel I, faz referência a outro dado à mesma vila "por D. Afonso, que foi Conde de Bolonha", ou seja, pelo Rei D. Afonso III (1248-1279).

D. Afonso VI outorga nova carta de foral autorizando a realização de uma feira 1662  (A actual Feira de São Martinho)
1773  Marquês de Pombal eleva a Vila à categoria de cidade e até pretendeu fazer uma segunda Diocese no Algarve. 
Após a morte de D. José e o desterro de Pombal, D. Maria retirou-lhe esse título honorífico e retomou a categoria de Villa - Vila Nova de Portimão.
Cidade de Portimão desde 11 de Dezembro de 1924 por proposta e decisão do Presidente Teixeira Gomes, natural desta povoação.




Vamos então aos morabitos essas pequenas construções quadradas com uma cúpula de influência Árabe e que serviam de morada para os homens santos muçulmanos "santões" e que viviam nessas ermidas em oração e meditação.

No século XII acentua-se um papel religioso-militar dos morabitum. ” e correspondiam a lugares onde havia pequenas ermidas (oratórios de retiro místico) e, ao mesmo tempo, podiam ser locais de atalaia ou até túmulos”

No Sul de Portugal muitos destes morabitos foram transformados em ermidas, capelas ou oratórios e locais privilegiados de romarias ou peregrinações 

“pequena construção de forma geralmente cúbica (embora por vezes possa assumir uma planta redonda, octogonal ou hexagonal, mas sempre centralizada), com cobertura em meia-esfera, muitas vezes designada por cuba (Kuba).

A palavra deriva do árabe morabit, que designa eremitão.

Os marabus, a maior parte das vezes, foram eremitas ou mestres sufis, ou seja ascetas e místicos que se dedicaram à meditação e à doutrina esotérica e gnóstica do Islão."



Morabito de Portimão (cidade)

Actual Capela do Amparo



Foi um morabito, cristianizado, e a esta ermida se dirigiam as grávidas para receberem a bênção da Senhora do Leite.


Ao lado, em 1990,  foi construída a Igreja da Senhora do Amparo ou Nossa Senhora do Leite que teve no Padre Arsénio (Jesuíta) o seu principal obreiro.

Morabito restaurado nos finais do século XX, década de oitenta



No termo de Portimão, temos mais 4 morabitos: 3 em Alvor e 1 na Quinta da Torre, Figueira, Mexilhoeira, (Este último completamente desconhecido em Portimão e comunidade histórica)

 Nota: Deliberadamente continuo s escrever segundo as normas do  ACORDO DE 1945


sexta-feira, 26 de abril de 2019

Portimão - Capital do Barlavento
 Nota: Deliberadamente continuo s escrever segundo as normas do  ACORDO DE 1945



Hoje, finais de Abril, deu-me para fazer um pequeno passeio histórico.
Nada melhor que passar pelo Largo 1 de Dezembro, mesmo ali, frente ao Teatro Tempo, que nem sempre foi Teatro pois, muito antes, fora residência de fidalgos, depois morada dos Paços do Concelho, Tribunal, Biblioteca e até Escola.

Palácio Sarrea - finais do século XVIII


O Palácio Sárrea Garfias, construído entre 1793 e 1795, pertenceu a uma importante família local, os Sárrea Prado. 
Posteriormente albergou a Câmara Municipal, a Escola Primária, a Biblioteca Municipal e o Tribunal da Comarca e actualmente Teatro Municipal "O Tempo"
Palacete de estilo neoclássico, com reminiscências barrocas que datam do século XVII. 
Defronte, construído posteriormente, porém organizado e ordenado de harmonia com a fachada deste solar, encontra-se o Jardim 1º de Dezembro, concluído em 1931, com uma escadaria ladeada ao topo por duas estatuetas em estilo Arte Nova. 


A reabilitação do antigo Palacete para Teatro Municipal, foi realizada ao nível do interior do edifício, procurando salvaguardar o património do antigo espaço no que toca a fachadas, coberturas e lanternins.
O projecto geral, foi da autoria do arquitecto Trufa Real. Já a arquitectura de interiores esteve a cargo do atelier Daciano da Costa.





Topónimos anteriores do Largo 1 de Dezembro:

Largo dos Quartéis; Praça do Município; Largo Libânio Gomes

Localização dos painéis de azulejos







Comecemos pela ala esquerda do Jardim



Banco alusivo ao Tratado de Zamora - 4 de Outubro de 1143


Tratado de paz celebrado entre Afonso Henriques e Afonso VII de Leão. 
O Condado Portucalense passa a ser reconhecido como REINO e Afonso Henriques como o seu "REX"

Banco alusivo à Batalha de Aljubarrota - 1385

O Tratado de Salvaterra de Magos (1383)  regulou o casamento de Dona Beatriz (na altura com 10 anos) com o Rei de Castela e entre outras coisas estabelecia que em caso de morte de D. Fernando, sem outros descendentes, o trono português pertenceria ao possível filho de D. Beatiz e João de Castela, portanto ao neto de D. Fernando .
D. Fernando morre nesse mesmo ano e Dom João de Castela, manda o Tratado de Salvaterra às urtigas, e  proclama-se rei de Castela, Leão e Portugal.
Como sempre nestas ocasiões as pessoas dividem-se: umas aceitam, outras não e outras tantas tanto se lhes dá como deu.
O castelhano está com pressa, invade Portugal e põe cerco a Lisboa que levanta por causa da peste.
Em 1385 Invade Portugal com numeroso exército. Dom João, Mestre de Avis e Nuno Álvares Pereira dão-lhes batalha em Aljubarrota.


Banco alusivo da chegada de Vasco da Gama à Índia

Vasco da Gama comandou a frota com cerca de cento e setenta homens, entre marinheiros, soldados e religiosos, distribuídos por quatro embarcações:
São Gabriel, São Rafael, Bérrio e São Miguel
Zarpou de Lisboa - Belém a 8 de Julho de 1497 e aportou a Calecut a 20 de Maio de 1498 com  mais de 9 meses de navegação e mais de 7.000 Km navegados

Banco alusivo à tomada de Ceuta

A 7 de Agosto de 1215, uma armada com 212 embarcações e cerca de 20 mil homens zarpou de Lagos sob o comando de D. João I, rumo a Ceuta com o objectivo de conquistar aquela praça do Norte de África que efectivamente foi ocupada a 21 de Agosto.
Os objectivos desta conquista foram vários, a saber: dominar as rotas marítimas  e comerciais, nomeadamente de cereais e especiarias, do Norte de África, impedir ou enfraquecer a pirataria marroquina que aterrorizava a costa algarvia, alargar o território
Paralelamente a estes factores económicos e religiosos o rei pretendia que os seus três primeiros filhos fossem armados cavaleiros, não numa simples cerimónia militar, mas num verdadeiro combate contra os muçulmanos.
D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique foram aqui feitos cavaleiros e cuja cerimónia de investidura se completou no regresso na cidade de Tavira e em que pela primeira vez se atribuiu o grau de duque a dois príncipes: D. Pedro, Duque de Coimbra e D. Henrique, Duque de Viseu.

Banco alusivo à Restauração da Independência  1640

Um grupo de 40 conspiradores na manhã de 1 de Dezembro de 1640, invadiram o Paço da Ribeira para derrubar a dinastia dos Filipes e restaurar a independência de Portugal.
Dominada a guarda real castelhana, o traidor Miguel de Vasconcelos foi defenestrado,  a Duquesa de Mântua  presa e D. João, Duque de Bragança, proclamado Rei de Portugal (confirmado em 1641 nas Cortes de Tomar).
A maioria das praças, vilas e cidades declararam fidelidade aos revoltosos e a inevitável guerra contra os Filipes, os mais poderosos monarcas europeus do séc. XVII,  que viria a durar 27 anos
Aspectos Militares mais significativos:  
1644 Montijo em Badajoz - Espanha (nesta época o nosso  Montijo denominava-se Aldeia Galega) (sob o comando de Matias de Albuquerque)
1659 Batalha das Linhas de Elvas (sob o comando de D. António Luís de Meneses, conde de Cantanhede, Marquês de Marialva)
1663 Batalha do Ameixial em Estremoz, (sob o comando de D. Sancho Manoel, Conde de Vila Flor)
1664 Batalha de Castelo Rodrigo ou Salgadela (sob o comando de Pedro Jacques de Magalhães)
1665 Batalha de Montes Claros, Borba, Alentejo. (sob o comando de António Luís de Meneses, Marquês de Marialva)




Banco alusivo à Constituição de 1820

As invasões francesas deixaram o nosso país em muito mau estado. 
Portugal ficou devastado e arruinado, já que os exércitos invasores praticaram roubos, destruíram casas e ruas e deixaram as actividades económicas (agricultura, indústria e comércio) praticamente paralisadas.
A Família Real e a Corte foram para o Brasil. 
Em 1815, o Brasil deixou de ser uma colónia portuguesa e foi elevado à categoria de Reino, tornando-se a cidade do Rio de Janeiro a  verdadeira capital de Portugal
O descontentamento da população era geral e associado às novas ideias liberais (que defendiam sobretudo, uma maior participação na vida política) gerou-se um clima favorável a conspirações contra a situação que o país vivia.
Em 1817, Gomes Freire de Andrade, liderou uma tentativa para mudar o regime, exigir o regresso do rei e expulsar os ingleses do nosso país. Esta tentativa não foi bem sucedida porque foram descobertos e os seus responsáveis foram presos e condenados à morte.
Logo de seguida  um grupo de liberais do Porto (constituído por juízes, comerciantes, proprietários e militares) formou uma associação secreta – o Sinédrio – que era liderada por Fernandes Tomás e tinha como objectivo preparar uma revolução.
A 24 de Agosto de 1820, aproveitando a ausência de Beresford (general inglês nomeado por D. João VI como marechal do exército português, a quem foram concedidos grandes poderes para acabar com qualquer tipo de conspirações liberais), o Sinédrio fez despoletar (deu início), no Porto, à Revolução Liberal.
Rapidamente, a revolução se estendeu a Lisboa e ao resto do país. Os ingleses foram afastados do governo e os revolucionários criaram um governo provisório (Junta Provisional de Governo do Reino) que, de imediato, tomou medidas para resolver os problemas do reino.
As medidas mais importantes tomadas pelo governo provisório da revolução de 1820 são:
Exigência do regresso do rei D. João VI a Portugal
Realização de eleições com o objectivo de escolher deputados às Cortes Constituintes, para elaborar uma Constituição 
As primeiras eleições realizadas em Portugal aconteceram em Dezembro de 1822.
Esta Constituição consagrou os princípios da liberdade e de igualdade dos cidadãos perante a lei (fosse qual fosse a sua origem social, acabando-se desta forma com os privilégios do clero e da nobreza) e consagrou a divisão do poder em três poderes.
D. João VI, com medo de ser afastado do trono pelas Cortes, voltou a Portugal em 1821 e em 1822 jurou  a Constituição Portuguesa. 
Desta forma, Portugal passou de uma monarquia absoluta para uma monarquia liberal ou constitucional.

Banco alusivo à Carta Constitucional de 1826

A Carta Constitucional da Monarquia Portuguesa de 1826 foi a segunda Constituição Portuguesa. 
Teve o nome de carta constitucional por ter sido outorgada pelo rei D. Pedro IV e não redigida e votada por cortes constituintes eleitas pela nação, tal como sucedera com a constituição de 1822. 
 Esta Carta Constitucional esteve em vigor durante 72 anos. por 3 períodos distintos. até 1910.
A Carta era muito mais moderada que a constituição vintista e reconhecia a existência de quatro poderes políticos: 
o legislativo, o executivo, o moderador (uma novidade, com a função de velar pelo equilíbrio entre os demais poderes), e o judicial.

Chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil 1500

As caravelas partem do rio Tejo, em Lisboa, no dia 9 de Março de 1500, com mantimentos para mais de dezoito meses, treze embarcações e cerca de mil e quatrocentos homens sob o comando de Pedro Álvares Cabral, a expedição, declaradamente, tem como destino as Índias.

A esquadra de Cabral depois de cruzar aproximadamente 3600 quilómetros em um mês, encontram os primeiros sinais de terra no dia 22 de Abril de 1500. 
O primeiro monte avistado (na região do actual Estado da Baía)  foi baptizado como Monte Pascoal pouco depois rebaptizado como Ilha de Vera Cruz, pois pensou-se que aquela terra era uma ilha. Só  mais tarde e depois de outras expedições é que se percebeu que aquelas terras formavam um continente e então foi-lhe dado o nome de Santa Cruz. Em 1511 e face à existência de grande quantidade de árvores de pau-brasil passa a ser cartografada como Brasil.
Pêro Vaz de Caminha em carta ao Rei D. Manuel conta todos os pormenores este achamento.

Banco alusivo ao Império Colonial e prisão de Gungunhana 1895

Gungunhama, o Leão de Gaza (1860-1906)

Foi o último imperador do Império de Gaza, no território que actualmente é Moçambique, entre 1884 a 1895
Foi feito prisioneiro por Joaquim Mouzinho de Albuquerque na aldeia fortificada de Chaimite na madrugada de 28 de Dezembro de 1895 e transportado para Lisboa, acompanhado por um filho de nome Godide e sete das suas mulheres. Após breve permanência na Capital do Império foi desterrado para os Açores, onde viria a falecer onze anos mais tarde.
Era rei de um povo de língua nguni (povo oriundo da actual África do Sul), depois denominado pelos portugueses como  vátua e líder incontestado de um poderoso exército 
A presença portuguesa em terras de Moçambique nem sempre fora pacífica.
Em Agosto de 1894, os rongas da região de Lourenço Marques, liderados pelos régulos Mahazul, Nwamatibyane e Amgundjuana reúnem milhares de guerreiros e cercam durante mais de dois meses Lourenço Marques, preparando o assalto à cidade.
A cidade foi saqueada e a fortaleza cercada, sendo a sua queda impedida pelo bombardeamento feita pelos navios de guerra surtos no porto, que obrigaram ao levantamento do cerco e à retirada dos sitiantes para Marracuene. 
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O último acto da saga de Ngungunhane acontece entre 1983 e 1985 e inicia-se quando em Outubro de 1983 o presidente moçambicano Samora Machel visita Portugal e acorda com o seu homólogo português, Ramalho Eanes, a trasladação para terras moçambicanas dos restos mortais do imperador de Gaza, que jaziam há 77 anos algures no cemitério da freguesia da Conceição, na periferia da cidade de Angra do Heroísmo, nos Açores.




Banco alusivo à Implantação da República 1910



Em 1908 aconteceu o Regicídio do Rei D. Carlos e do príncipe herdeiro do trono, Luís Filipe. Consequentemente, o trono ficou entregue a D. Manuel II, que tinha na altura apenas 18 anos!!! 

A implantação da República é resultante de um longo processo de mutação política, social e mental, onde merecem um lugar de destaque os defensores da ideologia republicana com raizes já no século XIX
Em 1910, 5 de Outubro,  um grupo de cidadãos chefiados por Teófilo Braga, fizeram um golpe de estado, destituíram a monarquia constitucional e implantaram o regime republicano 
(o terceiro  na Europa depois da Suiça em 1648 e da França em 1792).
A revolução republicana iniciou-se em Lisboa na madrugada do dia 4 de Outubro de 1910 e partiu de pequenos grupos de conspiradores, membros do exército e da marinha (oficiais e sargentos), alguns dirigentes civis, grande número de populares armados mais ou menos teorizados e chefiados por Teófilo de Braga.
Após a revolução, alterou-se a bandeira, a moeda e o hino nacional.
Em Agosto de 1911 foi aprovada uma nova Constituição, tendo início a Primeira República Portuguesa.

O primeiro Presidente da República foi Manuel de Arriaga, eleito pelo Parlamento a 24 de Agosto de 1911.


  CERCA URBANA DE PORTIMÃO Autores da Planta: Francisco Carrapiço, José Brázio e Jaime Palminha (Adaptada) Simples lugar de pescadores, nos ...